O telefone tocou. Era a tia Ivone cheia de assunto, para comentar o último capítulo da novela. Atendi na cozinha, mexendo, desajeitada, uma receita de brigadeiro tradicional, que seria meu presente de aniversário para uma colega da redação.
A conversa rendeu, e quando fui checar o ponto do doce, estava com consistência de pixe. Empenhada em salvar a panela de estimação, transferi às pressas a massa quente para o primeiro recipiente que apareceu e corri para a pia para para esfregar o grude que ficou no fundo da caçarola.
Enquanto pensava inquieta no presente que levaria na festa, o brigadeiro passado do ponto esfriou e fui soltando ele do tabuleiro para botar no lixo. Decidi provar um pedaço. Mesmo com raiva, achei bom. Bem bom, na verdade. Aquele doce não era brigadeiro, mas tinha uma nota familiar de infância. Era a bala de chocolate da minha avó? Talvez. Não consegui jogar fora. Fiz bolinhas como se estivesse enrolando brigadeiro e embalei uma a uma em papel celofane. Coloquei dentro de um baleiro antigo de vidro e lá estava meu regalo.
Escrevi a receita no meu caderno de cozinha e “perder o ponto” do brigadeiro nunca mais foi uma frustração lá em casa. Foi desse suposto erro que surgiu, mais tarde, a bala de brigadeiro da Maria Brigadeiro, que depois do brigadeiro tradicional, é a criação da marca que mais vende. Quem diria hein, tia?
Interessante!
Como eu amo cozinhar, muitas vezes aconteceu isso comigo e de uma receita surgiu a segunda e sabe de uma coisa?
Outro detalhe para que possamos obter uma receita nova é não ter um ingrediente e substituí-lo por outro, aqui dá sempre certo!
Sou craque no bolo de chocolate que aprendi a preparar quando tinha 9 anos e desde sempre o fiz, na semana passada mudei de forma e também a marca de óleo de milho e eis que ele esfarelou-se completamente, aí transformei-o num bolo na tigela… 😀 😀 😀
Ficou delicioso como sempre e diferente! Aqui nada se perde, tudo se transforma! (Y)
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